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Terremoto na Turquia e Síria ultrapassa 5 mil mortos

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Em um cenário de devastação, as equipes de resgate na Turquia e no norte da Síria prosseguem nesta terça-feira (7) em sua luta contra o tempo e o frio para encontrar sobreviventes entre os escombros após o terremoto de segunda-feira (6) que matou mais de 5.000 pessoas.

Terremoto deixou milhares de mortos nos dois países (Foto: ADEM ALTAN/AFP)

A ajuda internacional deve começar a chegar nesta terça-feira às zonas afetadas pelo terremoto e seus tremores secundários. O primeiro abalo, na madrugada de segunda-feira, atingiu 7,8 graus de magnitude e foi sentido inclusive no Líbano, Chipre e norte do Iraque.

Na Turquia, o número de mortos subiu para 3.419, com 20.534 feridos, anunciou o vice-presidente Fuat Oktay. Na Síria, 1.602 pessoas faleceram e 3.640 ficaram feridas, de acordo com os balanços das autoridades de Damasco e das equipes de resgate nas zonas rebeldes.

Com base nos mapas da região afetada, a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirmou que “23 milhões de pessoas estão expostas às consequências do terremoto, incluindo cinco milhões de pessoas vulneráveis”.

— A OMS está ciente da forte capacidade de resposta da Turquia e considera que as principais necessidades não atendidas podem estar na Síria, no imediato e a médio prazo — afirmou a diretora da OMS Adelheid Marschang ao conselho executivo da agência da ONU.

O secretário-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, alertou para a a urgência da situação.

— Agora é uma corrida contra o tempo. A cada minuto que passa, a cada hora que passa, diminuem as chances de encontrar sobreviventes — disse.

Em vários momentos sem ferramentas, os bombeiros prosseguiram com a dramática busca por sobreviventes durante a noite, desafiando o frio, a chuva ou a neve, assim como o risco de novos desabamentos.

Em Hatay, sul da Turquia, as equipes de emergência resgataram com vida uma menina de 7 anos que estava bloqueada sob uma montanha de escombros.

“Onde está minha mãe?”, perguntou a criança, com um pijama de cor rosa manchado pela poeira, no colo de um socorrista.

As condições meteorológicas na região de Anatolia dificultam os trabalhos de resgate e prejudicam as perspectivas dos sobreviventes, que se aquecem em tendas ou em fogueiras improvisadas.

Ajuda internacional

A ajuda internacional para a Turquia deve começar a chegar nesta terça-feira, com as primeiras equipes de socorristas procedentes da França e Catar. O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, prometeu ao colega turco Recep Tayyip Erdogan “toda a ajuda necessária”.

O contingente francês pretende chegar a Kahramanmaras, epicentro do terremoto, uma região de acesso difícil e que sofre com a neve. Duas equipes americanas com 79 socorristas cada devem seguir para a região, informou a Casa Branca.

A China anunciou o envio de uma ajuda de 5,9 milhões de dólares, que incluirá equipes especializadas em resgates em áreas urbanas, equipamentos médicos e material de emergência.

Erdogan anunciou que 45 países ofereceram ajuda.

O pedido de ajuda do governo da Síria recebeu resposta da Rússia, aliada de Damasco, que prometeu enviar equipes de emergência nas próximas horas. E 300 militares russos que já estavam na região ajudam nos resgates.

A ONU afirmou que a ajuda deve chegar a toda a população síria, incluindo a parte que não está sob controle de Damasco.

Aproveitando o caos provocado pelos tremores, 20 supostos combatentes do grupo extremista Estado Islâmico (EI) fugiram de uma prisão militar em Rajo, controlada por rebeldes pró-Turquia. A polícia turca anunciou a detenção de quatro pessoas que divulgaram mensagens “provocadoras” nas redes sociais sobre o terremoto. De acordo com as forças de segurança, as mensagens tinham o objetivo de gerar medo e pânico. Outras investigações nas redes sociais foram iniciadas.

Os balanços de vítimas dos dois lados da fronteira não param de aumentar e, levando em consideração a magnitude da destruição, a tendência deve persistir. Apenas na Turquia, as autoridades contabilizaram quase 5.000 imóveis desabados.

Além disso, a queda da temperatura representa um risco adicional de hipotermia para os feridos e as pessoas bloqueadas nos escombros.

Dormir ao relento

A OMS afirmou que teme por números ainda piores e na segunda-feira, quando o balanço era de 2.600 mortos, afirmou que previa um balanço de vítimas “oito vezes mais elevado”.

Na segunda-feira foram registrados pelo menos 185 tremores secundários, além dos dois terremotos principais: um de 7,8 graus durante a madrugada (4H17) e outro de 7,5 graus de magnitude ao meio-dia.

Os tremores secundários prosseguiram durante a madrugada de terça-feira. O mais forte, de magnitude 5,5, aconteceu às 6H13 (0H13 de Brasília) a nove quilômetros de Gölbasi (sul).

As autoridades turcas adaptaram ginásios, escolas e mesquitas para abrigar os sobreviventes. Mas com medo de novos terremotos, muitos moradores preferiram passar a noite ao relento.

— Todo mundo está com medo — disse Mustafa Koyuncu, um homem de 55 anos que passou a noite com a esposa e os cinco filhos no carro da família em Sanliurfa (sudeste da Turquia).

Este foi o terremoto mais devastador na Turquia desde o tremor de 17 de agosto de 1999, que matou 17.000 pessoas, incluindo mil em Istambul. O presidente turco decretou luto nacional de sete dias e o fechamento das escolas durante uma semana.

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