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Passofundense reencontra os pais após ficar um ano e meio preso em Cabo Verde

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O velejador gaúcho Daniel Guerra, que ficou um ano e meio preso em Cabo Verde, acusado de tráfico internacional de drogas, retornou a Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, onde nasceu. Desde a semana passada, ele e outros dois brasileiros respondem ao processo em liberdade e tentam provar a inocência.

Guerra desembarcou no Aeroporto de Passo Fundo na tarde desta sexta-feira (16), e foi recebido pelos pais e por amigos.

“Sem palavras para falar, voltar para casa, ver a família, o sofrimento que eles que eles tiveram nesse período, sofrendo bem mais que eu”, diz o velejador.
Cabo Verde fica em um arquipélago africano. Daniel atravessou o Oceano Atlântico em barco a vela com os irmãos Rodrigo e Daniel Dantas e um capitão francês. O barco partiu de Natal em julho de 2017.

Antes da saída do país, a Polícia Federal brasileira fez uma inspeção e não encontrou irregularidades na embarcação. Porém, em uma parada na Ilha de Mindelo, em Cabo Verde, a polícia local encontrou mais de uma tonelada de cocaína em um esconderijo no casco da embarcação.

Guerra e os outros ocupantes do barco foram presos em agosto de 2017 e condenados em primeira instância, pela Justiça de Cabo Verde, a 10 anos de prisão. Recentemente, a sentença foi anulada atendendo a pedido da defesa dos velejadores, de que eles tiveram testemunhas importantes não tinham sido ouvidas.

A decisão que suspendeu a condenação do grupo reconheceu que houve violações à garantia de defesa dos réus. Eles seguem respondendo ao processo em liberdade, e não há previsão de quando a Justiça de Cabo Verde vai julgar o caso.

Agora ao lado da família, Daniel continua tentando provar que não sabia que o barco em que estava transportava a droga. “Foi bem feito esse esconderijo, que foi na estrutura do barco, um lugar de difícil acesso”, explica.

“Só desmontando totalmente, praticamente, o barco que se encontrava a droga, então em nenhum momento a gente sabia que tinha esses esconderijos no barco”, garante.

Os pais do passo-fundense ficaram quase um ano em Cabo Verde tentando provar a inocência do filho.

“É uma vida, uma contínua vida. Aí você tem que ir lá fora e provar desde a infância quem é essa pessoa. Para eles, é um pouco difícil, e para nós também, levar todos os diplomas, todo o currículo e chegar num ponto deles muitas vezes simplesmente olharem e acharem que isso aqui tem pouco valor”, diz o pai, Télio Guerra.

A mãe, Fátima Guerra, chora ao garantir a inocência do filho. “Eu estava presa também. Um menino de bem, nós sabemos o menino que criamos, jamais ele teria esse caminho, jamais”, afirma, emocionada.

O velejador morou por quase duas décadas em Florianópolis. Ele conta que a viagem a Cabo Verde foi motivada pelo desejo de conseguir mais experiência na carreira.

“Uma travessia do Atlântico já supre a necessidade de milhas náuticas para um curso de capitão. Então eu busquei através de agências de tripulação e encontrei essa”, conta.

“Só espero que o mais rápido possível nossos nomes estejam livres, porque nós, velejadores, temos um mundo a descobrir”, conclui.

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