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Cotidiano

O que mudou em Passo Fundo após a chegada da Havan

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O dia 8 de dezembro marca o início da transformação de Passo Fundo, no Norte do Rio Grande do Sul, em um polo regional de compras, com lojas abertas em domingos e feriados. É o que afirmam líderes de entidades ligadas ao comércio e a própria Prefeitura da cidade. Foi nessa data que inaugurou, naquele município, a primeira filial gaúcha da rede de lojas Havan.

Conforme o secretário municipal de Desenvolvimento Econômico de Passo Fundo, Carlos Eduardo Lopes da Silva, a instalação da Havan representou também outros benefícios para a comunidade. “Temos uma regra que estabelece que grandes empreendimentos necessitam de uma contrapartida do investidor em alguma melhoria, seja na região onde a loja se instala, seja auxiliando o poder público”, revela Silva. No caso de Passo Fundo, a Havan contribuiu com R$ 80 mil para a reforma da rede elétrica do Teatro Municipal. O valor foi pago como mitigação pelo impacto da construção da megaloja.

Inauguração da primeira filial da Havan no Rio Grande do Sul, em Passo Fundo, ocorreu em 8 de dezembro: empreendimento se transformou em chamariz de turistas

Já em termos de qualificação profissional, Silva afirma que a categoria dos comerciários subiu alguns degraus em termos de atendimento e serviço. “A função de comerciário foi nivelada para cima com a vinda dessa empresa. De certa forma, toda a comunidade colhe estes frutos”, complementa.

O presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Passo Fundo (Sindilojas), Jefferson Luiz Kura, conta que um mês antes da inauguração da Havan, o município recebeu um novo shopping center, com outras 150 lojas. Juntos, os dois investimentos transformaram a cidade em um polo de compras, que atrai gente de longe. “É claro que, inicialmente, as lojas mais tradicionais sentiram o impacto destas novidades. Mas o principal legado, que nós já podemos perceber, é a movimentação do turismo de compras. Recebemos consumidores de cidades que ficam a cem quilômetros de Passo Fundo”, analisa.

Para Kura, com a instalação da rede e o consequente aumento da circulação de consumidores, todos saem ganhando. “Por fim, o próprio comércio tradicional acaba favorecido, pois estamos nos tornando referência regional no segmento comercial e isso é muito importante para Passo Fundo.”

“Desemprego gera busca por vagas”, diz sindicato

Conforme o presidente do Sindicato dos Empregados no Comércio de Passo Fundo e Região, Tarciel da Silva, as 150 vagas de emprego geradas com a abertura da Havan no município representam uma relevante realocação de mão de obra no comércio. De acordo com ele, a empresa cumpriu o que prometeu, abrindo o total de postos estimado.

Mas, conforme ele, o que atraiu trabalhadores para a Havan não foi a oferta de salário acima do piso da categoria ou o pagamento de vale-alimentação, já adotado em alguns estabelecimentos do comércio passo-fundense. Foi a necessidade de emprego. “O que faz as pessoas procurarem uma colocação na empresa é o desemprego. Nós, do sindicato, sempre prezamos pelo bem-estar do comerciário, pela qualidade de vida, o que significa descansar com a família no domingo e feriado.”

O que o sindicato projeta agora é o impacto sobre as lojas de menor porte. “Os pequenos bazares e lojas menores sentiram um efeito negativo com a Havan. Em médio e longo prazo, esses estabelecimentos poderão fechar, gerando desemprego nas lojas do Centro.”

Polêmica também lá

Conforme a editora-chefe do jornal O Nacional, de Passo Fundo, Zulmara Colussi, a instalação da Havan no município rendeu muitas discussões por pelo menos três meses. Segundo ela, no município, o tom da polêmica girou em torno do trabalho nos feriados.

“Houve pressão popular, a comunidade se voltou contra o Sindicato dos Comerciários, até que foi feito o acordo”, descreve. No período após a inauguração, conforme Zulmara, houve euforia na comunidade. Todos queriam tirar fotos perto da réplica da Estátua da Liberdade. “Foi uma grande movimentação no início. Agora está tudo normal.”

Deixar investimento escapar “fica feio” para Santa Cruz

Para a economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Estado do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, a indisposição gerada com a polêmica em torno da instalação da Havan em Santa Cruz depõe contra o município. “Fica muito feio. Pinta a imagem de que o investimento não é bemvindo em Santa Cruz. A empresa esta sendo banida por uma questão sindical”, comenta.

A economista-chefe defende que um município do porte de Santa Cruz não pode recusar um investimento que irá gerar 150 vagas de emprego, em um segmento que começa a dar sinais de recuperação econômica. “São empregos que irão movimentar a economia e o próprio comércio. O sindicato está consultando os desempregados? Será que eles não querem trabalhar aos domingos e feriados?”

Na avaliação de mercado da especialista, impedir a abertura da Havan significa inibir a liberdade da iniciativa privada, reduzir o potencial de geração de renda e de qualidade do comércio local; e impedir a geração de empregos. “Passa a imagem de que a cidade é avessa ao investimento.”

Mobilidade

  • Patrícia comenta também que, na atual realidade do consumo, onde a internet e as compras online são as maiores concorrentes do comércio convencional, é necessário que o varejo também mude e se adapte. Nesse cenário, modelos de negócio como a Havan não devem ser vistos como concorrentes, mas como um chamariz. “Também é uma questão de mobilidade. O consumidor se desloca até onde a loja está, seja em Santa Cruz, seja em uma cidade vizinha.”
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