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Moradores protestam em São Leopoldo devido a mortes por meningite

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Moradores de São Leopoldo realizam na noite desta terça-feira (2) um protesto em frente a Câmara de Vereadores devido às duas mortes por meningite registradas da cidade da Região Metropolitana de Porto Alegre. A segunda vítima foi Eduarda Andrade, de 14 anos.

Foto: Maria Boeno/Denúncias São Leopoldo

O grupo bloqueou a avenida em frente à Câmara. No início da noite, um carro tentou furar o bloqueio e quase atropelou manifestantes (veja no vídeo acima). Ninguém ficou ferido.

A Secretaria Estadual de Saúde divulgou uma nota segundo a qual acertou com a prefeitura que fornecerá a vacina contra a meningite tipo C (leia na íntegra abaixo).

Foto: (Arquivo Pessoal)

Eduarda morreu na madrugada desta terça em Novo Hamburgo, cidade vizinha a São Leopoldo, onde estava hospitalizada. Ela foi vítima do tipo C da doença.

No mês passado, depois da notícia da morte de outra criança por meningite tipo B, uma tia de Eduarda a levou até um posto de saúde, mas a técnica que aplica as vacinas estava de férias e a prefeitura não tinha colocado ninguém no lugar dela.

“Temos limitação de recursos humanos, a prefeitura não consegue nesse momento ter pessoal para todas as necessidades, mas essa situação já foi resolvida”, disse o secretário de Saúde do município, Ricardo Charão.

Os moradores que realizam o protesto reclamam que a vacina contra o tipo C da doença estava em falta nos postos da cidade até o início desta semana, e que a situação só foi regularizada após a morte da menina Eduarda.

Eles também pedem que a imunização contra meningite B seja gratuita. Segundo a prefeitura, porém, ela não faz parte do calendário de vacinação, e esse tipo de determinação é de competência do Ministério da Saúde.

Foto: Bernardo Bortolotto

Nesta quarta-feira (3), os pais dos alunos da Escola Estadual Amadeo Rossi, no bairro Santa Tereza, onde estudava a menina, devem mandar pelos filhos a caderneta de vacina de cada um deles, para que seja realizada a conferência na escola. Se a criança não estiver imunizada, será vacinada na própria instituição.

O presidente da Sociedade Brasileira de Imunizações, Juarez Cunha, descarta que haja um surto da doença na cidade. “São casos isolados, por tipos diferentes de meningococo, então um caso não tem nenhuma relação com o outro, e como uma regra geral, o que nos devemos fazer é estimular a vacinação”, disse o médico.

“O esquema vacinal vai proteger não só para essa bactéria como tem outras bactérias que causam meningite e estão dentro do calendário vacinal da criança”, acrescentou.

Nota da Secretaria Estadual de Saúde
A Secretaria da Saúde (SES) acertou com o município de São Leopoldo que atenderá a demanda necessária para o abastecimento da vacina contra a meningite bacteriana para crianças e adolescentes. Dois óbitos foram registrados na cidade nas últimas semanas por dois tipos diferentes de bactérias, o último deles ocorrido nesta terça-feira (2) pelo tipo C em uma jovem de 14 anos. Para este tipo de meningite há vacina na rede pública. A imunização é prevista para crianças menores de um ano e para os adolescentes entre 11 e 14 anos.

Nesta terça-feira, uma equipe do Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) esteve na cidade para uma reunião com o secretário municipal de Saúde, Ricardo Charão. Na oportunidade, foram definidas as ações de prevenção a novos casos. Colegas de turma da adolescente estão sendo contatados pela Secretaria Municipal de Saúde para receberem um tratamento preventivo com antibiótico, mesma ação de quimioprofilaxia que já foi feita com os familiares da jovem.

A medida é a principal forma de evitar novos casos, já que busca identificar nos contatos próximos a possível pessoa que passou a doença (portador assintomático) e outras para as quais ela possa ter transmitido a bactéria. Esse mesmo protocolo já havia sido desencadeado anteriormente no caso do outro óbito registrado na cidade – em uma criança de dois anos, pelo tipo B da doença meningocócica -, e que não teve novo registro pelo mesmo tipo após o fato.

A identificação desses contatos é realizada pela investigação epidemiológica da Vigilância em Saúde. A quimioprofilaxia é indicada para quem reside no mesmo domicílio do caso suspeito ou quem teve contato prolongado com ele (considerando-se o contato de pelo menos quatro horas contínuas nos últimos 10 dias, que é o tempo de incubação da bactéria). Durante esse período de incubação desde o início de sintomas (que no caso da jovem foi no dia 27/3), a rede de saúde da cidade também está alerta a novos casos com sintomas da doença.

Reforço na vacinação

Na escola estadual onde a jovem de 14 anos estudava, a secretaria municipal fará a revisão da caderneta de vacinação de todos os adolescentes na idade preconizada para a vacina (entre os 11 e 14 anos). Aqueles que não possuírem o registro da dose serão encaminhados para a imunização. Para atender essa e outras demandas pelas doses que o município venha a ter, o Centro Estadual de Vigilância em Saúde (Cevs) assegurou o abastecimento da vacina às idades preconizadas.

A vacina disponível na rede pública é a meningocócica C, que protege contra o tipo C da bactéria Neisseria meningitidis. Entre as formas causadas por esse agente, o tipo C é o mais comum. As doses recomendadas são aos três e cinco meses de idade, com um reforço aos 12 meses. Crianças e adolescentes dos 11 aos 14 anos também têm recomendação da vacina, com a aplicação de dose única.

O que é?

A doença meningocócica é uma infecção aguda causada pela bactéria Neisseria meningitidis. A forma clínica mais comum é a meningite meningocócica (inflamação da meninge, membrana que envolve o cérebro e medula) e a mais grave é a meningococemia (bactéria no sangue).

A transmissão se dá por contato direto de pessoa a pessoa por meio de secreções respiratórias. Assim como as demais doenças de transmissão respiratória, a circulação é intensificada nos meses de inverno. Os principais sintomas são a febre alta e repentina, intensa dor de cabeça, rigidez do pescoço, vômitos e, em alguns casos, sensibilidade à luz (fotofobia) e confusão mental.

Casos no RS

A meningite bacteriana é uma doença considerada endêmica, ou seja, que apresenta circulação no estado e é monitorada pela Vigilância em Saúde. Ao longo de 2018, foram 82 casos, sendo 11 óbitos entre eles. Em 2019, até o momento, foram oito casos, incluídos nesses os dois óbitos de São Leopoldo (os únicos registrados no estado no ano neste período).

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