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Mistério sobre assassinato de dona de floricultura intriga município do RS

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Silvia Regina Coelho Brito, 50 anos, era apaixonada pelo cultivo das flores e dedicou décadas de sua vida a isso. Proprietária de uma floricultura no bairro União, em Estância Velha, no Vale do Sinos, era ali que passava a maior parte do tempo. Foi também neste mesmo local que a mulher foi assassinada na manhã da última terça-feira (22). O crime, que chocou o município, segue intrigando os moradores.

A floricultura Esquina das Flores fica em uma área extensa, que ocupa praticamente uma quadra na Rua Carlos Antônio Bender. Silvia mantinha somente o estabelecimento ali e morava em outro local, com o atual companheiro, Carlos Rogerio Weber. Foi ele quem localizou o corpo dela pouco antes do meio-dia de terça. Silvia havia chegado na floricultura por volta das 9h.

A vítima estava caída em uma peça aos fundos da floricultura, onde costumava preparar os buquês. Tinha uma perfuração na parte de trás da cabeça, que indica que ela foi atingida por um tiro na nuca. A polícia ainda aguarda o recebimento do laudo do Instituto-Geral de Perícias (IGP) para saber qual arma foi usada no crime. A suspeita é de que o assassinato tenha acontecido por volta das 11h.

Logo após o corpo ser localizado, a polícia confirmou que nada havia sido roubado de dentro da floricultura. Dinheiro, celular e outros objetos da vítima permaneceram no local, intactos. Isso, desde o início, enfraqueceu a hipótese de que algum assaltante pudesse ter invadido o local e matado a vítima durante o roubo. Homicídio passou a ser a hipótese mais provável, que segue investigada pelos policiais.

No turno da manhã, Silvia costumava atender sozinha na floricultura, então a polícia passou a apurar quem foram as pessoas que estiveram ali. Testemunhas são ouvidas desde terça-feira.

O companheiro da vítima contou que foi até o local para buscá-la para irem até São Leopoldo, no Vale do Sinos, como tinham combinado. Foi neste momento que ele deparou com o corpo dela. A polícia passou a buscar imagens de câmeras para descobrir quem pode ter estado no local.

Comunidade abalada

O corpo de Silvia foi sepultado na manhã da última quarta-feira (23) no Cemitério Municipal de Estância Velha. O que pode ter motivado o crime intriga os moradores.

— O clima é de muita tristeza, de injustiça. As pessoas se perguntam por que aconteceu isso. Era uma pessoa tão boa. A comunidade está digerindo ainda essa perda — descreve o prefeito de Estância Velha, Diego Francisco, que era amigo de Silvia.

Foi ela quem lhe ajudou a escolher flores para o jardim que mantém em casa. A cada três ou quatro meses ele retornava à floricultura para que ela lhe ajudasse a selecionar outras.

— Temos um projeto de colocar flores em todos os acessos da cidade, de fazer corredores coloridos. A Silvia estava me ajudando a escolher mudas de flores. Era uma pessoa querida amável, incrível — recorda o prefeito.

Ele conta que a última vez em que esteve com a amiga foi há cerca de duas semanas, quando visitou a floricultura. Os dois conversaram por algum tempo e mais uma vez ela lhe ajudou a escolher algumas flores.

— Ela era muito cuidadosa. Queria escolher o melhor. Uma pessoa muito conhecida e querida na cidade. Realmente se importava em deixar a cidade mais bonita. A comunidade não aceita essa morte. Esperamos que seja solucionado o quanto antes. Acreditamos no trabalho da Polícia Civil — diz o prefeito.

A prefeitura disponibilizou a equipe da Guarda Municipal para auxiliar na análise de câmeras de segurança. O secretário de Segurança de Estância Velha, José Dresch, também se manifestou, em nota, sobre o caso:

“Neste momento, estamos com todas as forças de segurança empenhadas em desvendar o que aconteceu. Por ora, não cabem especulações. Confio na polícia estanciense, de que este crime será esclarecido à luz da lei. Fica registrada minha solidariedade à família da Silvia e demais amigos”.

Sonhos interrompidos

Nas redes sociais, o companheiro de Silvia, Weber, que é arquiteto e já foi secretário de Planejamento Urbano de Estância Velha, escreveu mensagem se despedindo da companheira:

“Minha leoazinha partiu. Com isso nossos sonhos se interrompem de uma forma brutal e inexplicável. Você, com seu jeitinho, foi me conquistando e juntos criamos uma relação de cumplicidade e muito amor.”

Nesta mensagem, lembrou que a floricultura sempre foi a paixão de Silvia e que ela também lhe ensinou a amar e cuidar das plantas. Recordou ainda que foi lá que os dois se encontraram pela primeira vez.

“Quis o destino que eu te encontrasse lá, pela última vez de uma forma inexplicável. Para sempre vou te amar, meu amor e me aguarde aí no céu que um dia vamos estar juntos novamente”, publicou o companheiro.

Investigação em sigilo

Espalhou-se pela cidade a informação de que um ex-companheiro da vítima foi até a delegacia local na quinta-feira (24) e confessou o crime, mas que a versão não convenceu os policiais, que ainda apuram a veracidade dos fatos. Desde então, a Polícia Civil não vem se manifestando sobre o caso, e mantém a investigação, que afirma ser prioridade, em sigilo.

A reportagem entrou em contato com o atual companheiro de Silvia, que localizou o corpo da vítima, mas ele não atendeu o telefone. Um familiar dele respondeu o contato por mensagem, informando que em razão da notícia da confissão “ele ficou muito abalado e não tem condições de dar entrevistas no momento”.

A reportagem também tentou contato com o único filho de Silvia, mas ele não atendeu as ligações nem retornou as tentativas. O rapaz é pai das duas netas de Silvia. Até esta sexta-feira (25), ninguém havia sido preso pelo crime.

Crime aconteceu dentro da floricultura na manhã de terça-feira. Foto: Eduardo Monteiro / IGP-RS / Divulgação

Foto: Arquivo Pessoal

Fonte: Gaúcha ZH

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