Justiça
‘Minha filha vai se tornar mais uma’, diz mãe que aguarda há três meses resposta sobre a morte de Eduarda no RS
Crime ainda não foi solucionado pela Polícia Civil. Eduarda Herrera de Mello, de 9 anos, desapareceu no dia 21 de novembro de 2018 na frente de casa, em Porto Alegre. Ela foi encontrada morta em Alvorada no dia seguinte.
Quando atendeu a ligação da reportagem, Kendra Herrera, de 32 anos, havia acabado de ligar para a delegacia. Desde que perdeu a filha de 9 anos, Eduarda Herrera de Mello, ela faz isso semanalmente.
“Eu ligo para ela [a delegada] toda a semana, mas ela não fala nada para a gente, só falam que estão trabalhando intensamente, nunca têm nenhuma novidade”, desabafa, numa mistura de angústia e revolta.
Três meses após o desaparecimento da menina Eduarda, no bairro Rubem Berta em Porto Alegre, encontrada morta no dia seguinte às margens de uma rodovia em Alvorada, a Polícia Civil do Rio Grande do Sul segue sem previsão para elucidar o caso. A prorrogação para concluir o inquérito foi solicitada à Justiça, já que os 30 dias foram insuficientes para chegar ao autor do crime.
“A gente fica frustrado, com toda a tecnologia que a polícia tem… Todas aquelas casas têm câmera, como não tem filmagem de nada? Eu perguntei para a delegada: a senhora está me dizendo que isso é um crime perfeito, então?”, relata a mãe.
Muita coisa mudou na vida da família nesses últimos meses. O endereço dela, do marido e do filho, de 7 anos, não é mais o mesmo. Kendra deixou o trabalho como atendente em uma loja de conveniência de um posto de gasolina, e o filho parou de frequentar a escola.
“Eu não vou mais trabalhar, eu não saio de casa, meu filho não voltou para o colégio”, conta.
“Desde que aconteceu, ele está travado, não conversa muito, quando falava em ir à aula, ele começava a chorar”, complementa Kendra, acrescentando que os irmão dormiam juntos, na mesma cama, e que eram muito apegados.
O braço esquerdo dela ganhou a imagem do rosto da filha, sorrindo, em forma de tatuagem. Ela já tinha o nome dos dois filhos tatuados nas costas. “Ao menos, ela está comigo”, diz.
Os dias passaram, as roupas da pequena Eduarda já foram repassadas às primas, mas a incerteza sobre o aconteceu com a filha não deixa a aflição ir embora e perturba o sono da mãe.
Há uma semana, o filho mais novo de Kendra fez aniversário. Para que a data não passasse em branco, a família decidiu preparar um bolo e convidar poucas pessoas. Na hora do parabéns, as lágrimas vieram à tona.
“Primeira coisa que vem é ela, não existe não chorar”, diz Kendra.
“Não consigo nem por um momento esquecer”.
A família planeja se mudar para Santa Catarina, deixar para trás o que aconteceu e recomeçar. Mas, antes, quer uma resposta que acabe com a angústia de não saber o que aconteceu com a menina.
“A gente está esperando esse caso se solucionar”, afirma. “Se a minha filha fosse filha de alguém rico, de um político… Mas como meu marido é fichado, e eu sou uma simples trabalhadora, ninguém dá bola. A minha filha vai se tornar mais uma”, desabafa a mãe.
Conclusão do inquérito sem previsão
A Polícia Civil garante que está trabalhando incansavelmente para solucionar o caso. A delegada Andrea Magno, que era a responsável pela investigação, reconhece a dificuldade, mas diz que isso não significa que a família ficará sem resposta.
“Não tem previsão de conclusão. A gente realiza diligências praticamente diárias. A qualquer momento, pode confirmar uma informação que nós temos ou surgir uma nova”.
Eduarda desapareceu da rua onde morava no dia 21 de outubro. Testemunhas relatam que ela foi raptada por um homem, enquanto brincava no local. Depois de 12 horas, seu corpo foi encontrado. Um retrato falado de um suspeito chegou a ser divulgado. Foram checadas aproximadamente 70 denúncias anônimas.
A polícia já ouviu mais de 80 pessoas e fez 160 diligências. O inquérito já ultrapassa 700 páginas e corre em segredo de Justiça, por isso, a delegada não pode passar mais detalhes à imprensa.
“Apesar de a polícia ainda não ter descoberto a autoria do delito, em praticamente um mês, a gente está falando de uma diferença de 40 oitivas [pessoas ouvidas] e 98 diligências. A polícia continua trabalhando e trabalhando muito”, assegura, referindo-se ao último balanço divulgado pela polícia sobre o caso, quando a morte completou dois meses.
Entre as dificuldades apontadas pela polícia para se chegar ao possível autor do crime está o fato de as testemunhas serem crianças. Além disso, a baixa qualidade das imagens de câmeras de segurança, considerando que o desaparecimento aconteceu à noite, também dificulta o trabalho da investigação.
Uma hipótese que a polícia já conseguiu descartar é a de ritual religioso, considerada logo após o crime.
Recentemente, a investigação saiu das mãos da delegada Magno, que assumiu a diretoria do Departamento de Polícia Metropolitana, e passou para a delegada Sabrina Dóris Teixeira, atual titular da Delegacia da Vítima.
À frente do caso a partir de agora, a delegada diz que já conversou com a mãe de Eduarda para tranquilizá-la e que se solidariza com ela, mas que o tempo é necessário para que a investigação avance.
“Esse fato é prioridade. Jamais, nunca, a condição social da vítima ou da família da vítima influenciou na solução do caso”.
A Polícia Civil segue em busca de pistas que possam ajudar a solucionar o crime. Para fazer uma denúncia anônima, basta ligar para o número do Disque-Denúncia: 0800 642-6400.
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