Polícia
Médico responsável por superdosagem de cloroquina que matou pacientes é petista
Uma pesquisa realizada com altas doses de cloroquina, em Manaus, foi interrompida após pacientes apresentarem complicações cardíacas, resultando na morte de 11 pessoas. Praticamente qualquer remédio pode matar alguém quando administrado em dose não recomendada. Um dos responsáveis pela pesquisa, é médico infectologista, Marcus Vinícius Guimarães de Lacerda, e também ativista político.
Os efeitos colaterais causados por uma alta dosagem fizeram com que o estudo fosse interrompido, com a seguinte conclusão: “A cloroquina é perigosa e não é eficaz no tratamento do COVID-19”. Sob a justificativa de que, usar a cloroquina em altas dosagens para tratar COVID-19 “pode ser tóxico”. Uma conclusão bastante previsível.
Entre os tratamentos promissores para combater o COVID-19, o uso da cloroquina tem sido um dos que mais chamam a atenção – principalmente depois de autoridades como o presidente dos EUA e do Brasil falarem publicamente sobre o medicamento.
A pesquisa não foi revisada por nenhum membro da academia científica, nem sequer publicada em revistas da área de saúde. Parece que aqui no Brasil, até ciência é politizada.
“LEMBRE QUE SÓ CIRO VENCE BOLSONARO!”
“AS MULHERES ODEIAM BOLSONARO”
“Como pode esse senhor liderar as pesquisas de opinião para presidente da república?”, escreveu Larcerda.
Em carta aberta de repúdio à pesquisa aplicada no Amazonas, a imunologista e oncologista Nise Hitomi Yamaguchi, diretora do Instituto Avanços em Medicina, em São Paulo disse a dose utilizada no estudo em Manaus, ultrapassa as doses recomendadas pelo Ministério da Saúde. “”Em doses ajustadas, pode vir a salvar muitas vidas, neste momento importante da pandemia do COVID-19”, escreveu a médica em carta.
Confira a íntegra da carta:
CARTA ABERTA REFERENTE AO ESTUDO DO AMAZONAS PUBLICADO ONLINE, SEM REVISÃO, EM ARTIGO NÃO CERTIFICADO PELOS SEUS PARES, E EM PRÉ EDIÇÃO, DO USO DE CLOROQUINA EM ALTÍSSIMAS DOSES A PACIENTES COM COVID-19, NO MEDRXIV, ASSOCIADO AO BRITISH MEDICAL JOURNAL em 7-04-2020 (1).
Consideramos este estudo realizado sobre a CLOROQUINA (importante considerer a diferença entre Cloroquina e Hidroxicloroquina), em doses extremamente altas (600 mg duas vezes por dia, por 10 dias de tratamento, QUE EQUIVALEM A 12 GRAMAS NA DOSE TOTAL) potencialmente danoso para os pacientes e para a visão científica sobre uma classe de medicamentos que, em doses ajustadas, pode vir a salvar muitas vidas, neste momento importante da pandemia do COVID-19.
Esta dose utilizada no braço interrompido do estudo por toxicidades inadmissíveis, quando comparada à dose indicada pelo Ministério da Saúde do Brasil NAS DIRETRIZES PARA DIAGNÓSTICO E TRATAMENTO DA COVID-19 (2) de 6 de abril de 2020 página 35, é exagerada, e certamente levaria a efeitos colaterais importantes.
A dose preconizada pelo Ministério de Saúde do Brasil para Cloroquina foi de 450 mg duas vezes no primeiro dia, e 450 mg por dia nos outros quatro dias, QUE EQUIVALEM A 2,7 GRAMAS NA DOSE TOTAL, contra os 12 gramas de dose total do estudo da Amazônia. Essa dose utilizada no estudo em muito ultrapassa as doses recomendadas pelo Ministério da Saúde, assim como as doses da bula.
Como se trata de importante armamentário na luta contra o COVID-19, enquanto aguardamos outros resultados de utilização de antiretrovirais, vacinas, etc., este tipo de estudo pode levar a interpretações errôneas quanto à utilização da CLOROQUINA e HIDROXICLOROQUINA NO COMBATE AO COVID-19.
Sendo a cloroquina um medicamento mais antigo, ele apresenta mais toxicidade do que a Hidroxicloroquina. Temos preferência pela hidroxicloroquina, por apresentar menor quantidade de efeitos colaterais, sendo que ambas substâncias DEVEM ser associadas à Azitromicina 500 mg por dia e suplementação de Zinco para ter melhor índice terapêutico. O racional é que a azitromicina se liga ao ribossoma da célula infectada e interfere na proliferação viral, além de ter outras funções imunomoduladoras, juntamente com o Zinco. A importância desta associação foi caracterizada em estudos internacionais, e aguardará os resultados de futuros estudos comparativos.
O tempo de tratamento é de cinco dias, até o momento.
Assim sendo, somos veementes em rechaçar os resultados com altas doses de CLOROQUINA e solicitamos que isto não atrapalhe a compreensão da classe médica científica, pelas necessárias medicações para o momento, no combate ao COVID-19.
Estejamos atentos e críticos aos estudos gerados em meio à pandemia, e que possamos tomar as decisões corretas baseadas no máximo de informações colhidas em cada momento, para que tenhamos condutas práticas imprescindíveis para o cuidado das nossas populações.
DRA. NISE HITOMI YAMAGUCHI
IMUNOLOGISTA E ONCOLOGISTA
MESTRADO EM IMUNOLOGIA E DOUTORADO EM PNEUMOLOGIA PELA FACULDADE DE MEDICINA DA UNIVERSIDADE DE SÃO PAULO
PESQUISADORA SENIOR IPRI (INTERNATIONAL PREVENTION AND RESEARCH INSTITUTE) – WORLD PREVENTION ALLIANCE – LYON FRANÇA
Fonte: Gazeta do Brasil
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