Economia
Exportação em baixa força montadora a demitir em massa
A Stellantis suspendeu o segundo turno de produção na fábrica de Porto Real-RJ, onde são produzidos veículos das marcas Peugeot e Citroën, e demitiu 140 trabalhadores. Segundo a montadora, a providência teria sido necessária para readequar o ritmo da produção da fábrica a um cenário de exportações em baixa.
De acordo com o Sindicato dos Metalúrgicos do Sul Fluminense, o número de demitidos poderá ser revisto, isto que cerca de outros 100 operários voltam de férias no dia 6 de março – data para a qual estava programada retomada da produção após período de parada para manutenção iniciada em 17 de fevereiro. O sindicato acredita que poderá haver novos cortes de pessoal.
Stellantis reduz produção em Porto Real devido às exportações em baixa
“A Stellantis readequou o planejamento industrial da unidade de Porto Real, a fim de adaptar o seu ritmo produtivo ao nível de demanda do mercado externo. A unidade passa a concentrar a produção de automóveis em um turno de capacidade ampliada, com maior eficiência e agilidade para melhor responder às demandas de mercado. Em razão desse ajuste, foi necessário antecipar o término dos contratos com prazo determinado e temporário, em sua maioria contratados para atender à necessidade imediata de aumento de produção”, afirmou a montadora em nota à imprensa.
Os 140 trabalhadores dispensados tinham contrato de trabalho por tempo determinado, tendo sido admitidos em agosto juntamente a outros duzentos profissionais para operar o segundo turno em Porto Real. Em outubro, o reforço na produção foi retomado em virtude do lançamento do novo Citroën C3 – até então, apenas o Citroën C4 Cactus e o Peugeot 2008 eram produzidos no local.
O presidente do sindicato, Edimar Miguel, reclama de ter tomado conhecimento sobre as demissões pela mídia. Segundo ele, a entidade não foi previamente informada pela Stellantis:
“Ficamos decepcionados com a atitude da empresa, que foi desrespeitosa e descumpriu o tema 638, que indica comunicação imediata ao sindicato em caso de demissão em massa, para que seja estabelecida negociação coletiva. A Stellantis sequer deu abertura para tentarmos alternativa ao desligamento dos 140 pais e mães de família que trabalhavam no chão de fábrica, a maioria na área de chaparia”, declarou Miguel à agência AutoData.
O sindicato recorreu ao Ministério Público do Trabalho do Rio de Janeiro (MPT-RJ) e duas reuniões foram realizadas na semana passada, sem acordo. Miguel relata que, diante do propósito de reverter as demissões e tentar fazer com que a situação não se alastre, solicitou nova asudiência junto ao MPT-RJ e aguarda retorno.
Além das dispensas na Stellantis, Miguel relata que já se nota o efeito cascata em fornecedores da Stellantis na região. Alegando redução na demanda, a Benteler, fabricante de autopeças de origem austríaca, anunciou a demissão de 40 trabalhadores na sua unidade no município fluminense. “Isso pode ser apenas o começo, e é o que mais tememos”, afirma o presidente do sindicato.
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