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Agronegócio

Complexo soja teve aumento de 14,03% nas exportações

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O agronegócio gaúcho exportou 21,650 milhões de toneladas de alimentos em 2018. O número revela um aumento de 4,9% sobre o volume exportado em 2017. As exportações somaram US$ 12,12 bilhões, aumento de 5,26% em relação ao valor de US$ 11,52 bilhões do que o exportado no mesmo período de 2017.

Os números constam no relatório divulgado nesta semana pelo Sistema Farsul, que confirmam que o complexo soja corresponde a US$ 5,91 bilhões do valor exportado, um aumento de 8% se comparado a 2017, que em valores corresponde a US$ 438 milhões a mais.

Só a soja em grãos corresponde a US$ 4,77 bilhões, crescimento de 2,9%. Embora em valores o farelo de soja tenha alcançado US$ 975 milhões, foi o item que registrou o maior crescimento 53,4% no valor exportado e 28,5% no volume exportado. Já as exportações de óleo de soja caíram em 18% no valor e 13% no volume.

A China continua despontando como o grande parceiro também do agronegócio gaúcho, respondendo por 47% do valor exportado no último ano. Depois vem os Estados Unidos com 3,7%, Bélgica e Eslovênia com 3% cada.

Menos carnes exportadas

O grupo carnes totalizou US$ 1,36 bilhão, queda de 31,6% em relação ao valor de US$ 1,97 bilhão exportado em 2017. A queda do grupo carnes está atrelada às exportações de frango (-37,3%) e suína (44,5%) no valor exportado e 35% e 29,6%, respectivamente, no volume exportado. As exportações de carne bovina, no entanto, cresceram 21,6% no valor exportado, totalizando US$ 239 milhões, e com aumento de 22% no volume exportado.

Já as exportações de boi vivo tiveram um aumento de 141% em relação ao valor exportado no ano anterior e totalizaram US$ 86 milhões. O economista-chefe da Farsul, Antônio Carlos da Luz, comenta que o setor de carnes (suíno e frangos), que concentra no Rio Grande do Sul e em Santa Catarina polos importantes de produção, sofreu em 2018 uma crise severa nos mercados internacionais com restrições.

Já no caso da carne bovina, Luz comenta que também devido à crise o brasileiro consumiu menos da proteína, havendo assim disponibilidade e câmbio favorável em parte do período e assim as exportações se alçaram. O câmbio favorável e a produtividade de soja na última safra colhida também são os fatores que explicam o desempenho da cadeia de soja.

Ainda sobre as carnes, o especialista cita que o desempenho da exportação de carnes bovina só não foi melhor dada a limitação das plantas frigoríficas no estado habilitadas para exportação, que são quatro.

Futuro sólido para a exportação

Alguns dos resultados do balanço de 2018 divulgado pela Farsul, especialmente os negativos, geraram suspeitas de que as causas seriam questões relacionadas ao ano conturbado no país. Porém, para o professor da Universidade de Passo Fundo (UPF), pesquisador e doutor em economia, Marco Antônio Montoya, essa correlação não é tão óbvia.

“Um dos elementos foi a greve dos caminhoneiros. Outro problema foi a sucessão de escândalos envolvendo a produção da carne. Tudo isso teve algum tipo de complicação. Mas isso tudo é só especulação, pois, na verdade, não se sabe certamente qual foi o verdadeiro impacto desses fatores”, explica.

Balanço positivo no RS

Montoya defende, entretanto, que 2018 foi um ano positivo para o setor.

“Em meio a tudo isso, as exportações, especialmente da agroindústria regional, foram boas. Não houve um grande crescimento, mas ao menos manteve um patamar estável”. O professor da UPF entende que esse resultado positivo pode se repetir esse ano.

“Acho que as exportações vão manter esse patamar de crescimento baixo. Tomara que as chuvas ajudem a agricultura, especialmente a cultura de soja. Mas está se falando de uma quebra de safra de 10 a 15% no Rio Grande do Sul. Não sei se isso confirma, mas há conversas nesse sentido”, projeta.

Conforme Montoya, o mercado externo é de grande importância para o agronegócio gaúcho.

“As exportações vão continuar relevantes, porque grande parte do agronegócio é destinado para a exportação. E não só a exportação internacional, mas também para outros estados. Por exemplo, temos o leite, pois 64% da produção de laticínios gaúcha é levado para outros estados”, aponta.

Possibilidade de planejamento

Montoya esboça um quadro otimista para o setor em 2019, e para os anos seguintes.

“Minha percepção é que a economia vai viver um ligeiro crescimento externo, até mesmo porque temos um ambiente democrático novo, um novo contrato social, mas tudo isso pode ser afetado em função do mercado internacional. A princípio, tudo aponta para um crescimento médio, nada de um grande crescimento espetacular. Mas a projeção para esse ano é um crescimento de 2,5%, que é um crescimento interessante, especialmente se comparado a toda àquela bagunça dos últimos anos”, explana.

Um dos trunfos do novo cenário do agronegócio, conforme o professor da UPF, é que uma estabilidade pode tornar possível um planejamento real para os próximos anos.

“E essa retomada deverá ser gradativa, mas segura. Nos próximos dois anos o país tende a se recuperar com bastante solidez. Isso é importante, pois com essa base sólida, é possível almejar alguma coisa a mais”.

 

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