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Economia

Onda de calor extremo na Ásia pesará no bolso do Brasileiro

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A Índia anunciou a proibição de exportações de trigo com efeito imediato, poucos dias depois de dizer que planejava embarques recordes neste ano. O anúncio vem com uma onda de calor escaldante que reduziu a produção e fez com que os preços locais atingissem recorde histórico em meio à forte demanda de exportação. O aviso descreveu que um aumento nos preços globais do trigo, em parte devido à guerra na Ucrânia, estava ameaçando a segurança alimentar da Índia e de países vizinhos e vulneráveis.

O governo disse que ainda permitirá a exportação de cartas de crédito que já foram emitidas e a pedido de países que estão tentando “atender às suas necessidades de segurança alimentar”. Antes da proibição, a Índia tinha como meta exportar um recorde de 10 milhões de toneladas em 2022. Os compradores globais estavam apostando no segundo maior produtor de trigo do mundo para suprimentos depois que as exportações da região do Mar Negro caíram após a invasão da Ucrânia pela Rússia.

Foto: Fabiane de Paula

Antes da guerra, a Ucrânia e a Rússia representavam um terço das exportações globais de trigo e cevada. Desde a invasão da Rússia, os portos da Ucrânia foram bloqueados e a infraestrutura civil e os silos de grãos foram destruídos. A proibição indiana pode elevar os preços globais a novos picos e atingir consumidores pobres principalmente na Ásia e na África. O aumento dos preços de alimentos e energia empurrou a inflação anual no varejo da Índia para uma alta de oito anos em abril, fortalecendo a visão dos economistas de que o banco central teria que aumentar as taxas de juros de forma mais agressiva para conter os preços. Os preços do trigo na Índia subiram para recordes, em alguns mercados à vista, chegando a 25.000 rúpias (US$ 465) por tonelada, contra o preço mínimo de suporte fixado pelo governo de 20.150 rúpias.

Os ministros da agricultura do G7 afirmaram neste sábado que a suspensão das exportações de trigo da Índia “agravará a crise” de abastecimento mundial de grãos provocada pela guerra na Ucrânia. “Se todos começarem a restringir suas exportações ou a fechar seus mercados, a crise se agravará e isso também prejudicará a Índia e seus agricultores”, disse o ministro alemão, Cem Özdemir, após uma reunião com seus homólogos do G7 em Stuttgart.

ONDA DE CALOR SOB SECA QUEBROU A SAFRA DE TRIGO

Embora seja o segundo maior produtor mundial de trigo, a Índia consome a maior parte do trigo que produz. O país havia estabelecido uma meta de exportar 10 milhões de toneladas do grão em 2022-23, procurando capitalizar as interrupções globais no fornecimento de trigo da guerra e encontrar novos mercados para o trigo na Europa, África e Ásia. Muito teria ido para outros países em desenvolvimento, como Indonésia, Filipinas e Tailândia.

 

Mas uma prolongada e excepcional onda de calor desde meados de março fará com que o tamanho da safra seja menor que o esperado. Em abril, a Índia exportou um recorde de 1,4 milhão de toneladas de trigo e já foram assinados acordos para exportar cerca de 1,5 milhão de toneladas em maio. “A proibição da Índia elevará os preços globais do trigo. No momento não há um grande fornecedor no mercado”, disse um agente do mercado.

Mais de um bilhão de pessoas na Índia e no Paquistão, cerca de 10% da população mundial, enfrentam uma onda de calor extremo que foge à normalidade e castiga uma das áreas mais populosas do planeta com temperaturas tórridas muito acima das médias climatológicas. As temperaturas na Índia estão altas há semanas com sucessivas ondas de calor sob clima seco e sufocante desde o início da primavera.

 

O Departamento Meteorológico da Índia (IMD) afirmou que as temperaturas máximas de março foram as mais altas em quase 1250 anos e que as chuvas estavam ficaram em apenas um quarto a um terço do normal. O padrão atmosférico de clima muito quente persistiu ao longo de abril e na primeira quinzena de maio, agravando ainda mais a seca.

“É como fogo queimando ao redor”, disse o trabalhador Shafi Mohammad, morador de vilarejo nos arredores da cidade paquistanesa de Jacobabad, onde os moradores lutam para encontrar acesso confiável à água potável. Em todo o país, o PMD alertou que as temperaturas estavam entre 6°C e 9°C acima do normal, com a capital Islamabad – assim como os centros provinciais de Karachi, Lahore e Peshawar – registrando temperaturas em torno de 40°C na sexta-feira.

A onda de calor no Sul da Ásia, além de já durar dois meses, é extrema. Ontem, a cidade de Jacobabad, situada na província de Sindh, no Paquistão, atingiu uma máxima de 50,0°C, informou o Departamento Meteorológico do Paquistão (PMD). Neste sábado, Jacobabad voltou a ter máximas na casa dos 50ºC com 51,0ºC, a mais alta medida no planeta até agora neste ano, superando os 50,7ºC observados na Austrália no verão. Na Índia, várias cidades tiveram recordes mensais ou absolutos de calor neste sábado com até 48,8ºC em Banda.

 

 

Fonte: MetSul

 

 

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