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Chacina em Saudades completa um ano; relembre os fatos e fotos
Há um ano, a história do município de Saudades, no Oeste de Santa Catarina, foi marcada por um dos crimes mais horríveis do Brasil. Fabiano Kipper Mai, de 18 anos, natural da cidade, invadiu a creche Pró-Infância Aquarela, às 9h50 de 4 de maio de 2021, com a intenção de matar o maior número de pessoas.
Armado com uma adaga, o jovem sem histórico criminal, dirigiu-se até o local e atacou bebês, professoras e demais funcionárias da creche que atende alunos de 6 meses a 2 anos. Três crianças, uma professora e uma funcionária morreram no massacre. O caso teve repercussão internacional.
De acordo com a Polícia Civil, Kipper Mai dirigiu-se de bicicleta à creche Pró-Infância Aquarela, localizada na área urbana do município. Ao entrar no local, começou por atacar uma professora de 30 anos que, embora ferida, correu para uma sala onde estavam quatro crianças e uma funcionária da escola, na tentativa de alertar sobre o perigo.
O jovem atacou então as crianças que estavam na sala e a funcionária. Duas meninas de menos de dois anos e a professora que sofreu o ataque inicial morreram no local. Outra criança e a funcionária morreram depois no hospital.
Fabiano foi preso no local e levado em estado grave a um hospital da cidade vizinha de Pinhalzinho, depois de tentar cometer suicídio desferindo golpes da espada contra si mesmo.
O delegado Jerônimo Marçal Ferreira, responsável pelo caso, informou à época que Kipper May confessou o crime e disse que a professora e a agente de educação foram heroínas ao impedir que o jovem fosse para outras salas, conseguindo com êxito, mesmo que feridas, evitar o pior.
“Ele tentou entrar em todas as salas e não conseguiu. Aquelas mulheres conseguiram evitar que um mal maior acontecesse, foram muito valentes”, disse o delegado.
A secretária de Educação, Gisela Hermann, foi até a escola assim que recebeu a informação sobre o crime e descreveu o que viu. “Uma cena de terror. Consegui entrar na escola. Tinha um cara deitado no chão, mas ainda vivo, uma professora morta, uma criança morta também. A sala estava fechada, não deixaram a gente entrar”, contou.
Daniela Reinehr, governador em exercício, esteve na cidade e decretou luto oficial de três dias no Estado. Também determinou que o governo estadual fornecesse todo o amparo necessário às vítimas.
Aline Biazebetti, de 27 anos, vizinha da escola, resgatou uma das crianças, um menino chamado Henrique. Ao ouvir a confusão, ela entrou na escola enquanto o agressor ainda estava no local, retirou a criança, entrou em um carro e a levou para o hospital. “Nunca esquecerei o olhar dessa criança para mim, como uma forma de pedir socorro”, disse Aline. Henrique, que tinha 1 ano e 8 meses, precisou passar por uma cirurgia, mas teve alta poucos dias depois.
Quem são as vítimas?
- Keli Adriane Aniecevski, de 30 anos, era professora e dava aulas na unidade há cerca de 10 anos;
- Mirla Renner, de 20 anos, era agente educacional na escola;
- Sarah Luiza Mahle Sehn, de 1 ano e 7 meses;
- Murilo Massing, de 1 ano e 9 meses;
- Anna Bela Fernandes de Barros, de 1 ano e 8 meses.
Prisão, investigação e denúncia
Durante a investigação, que contou até com o apoio da Embaixada dos Estados Unidos, mais de 20 pessoas foram ouvidas, tendo o próprio Kipper May prestado depoimento no dia 10 de maio, enquanto ainda estava internado, sob custódia policial, no Hospital Regional do Oeste, em Chapecó. A polícia também apreendeu aparelhos eletrônicos e dispositivos pertencentes ao jovem.
Mai recebeu alta no dia 12 de maio e foi levado direto para a prisão, já com o uniforme penitenciário de cor laranja e algemas.
No dia 14 de maio, os delegados realizaram uma coletiva de imprensa após o fim do inquérito, detalhando, entre outras coisas, que Mai teria escolhido a creche pela fragilidade das vítimas, que tinha plena consciência do que fez e que foi um crime premeditado durante 10 meses.
O delegado Ferreira também disse que Mai tinha dificuldades de relacionamento em um nível muito acima do normal. “Nos últimos tempos, ele cada vez mais foi se isolando no mundo” e que o jovem “tinha acesso a muito conteúdo inapropriado e contato com pessoas que pensavam como ele. Começou a alimentar esse ódio a ponto de querer descarregar em alguém. Não era alguém específico, era um ódio generalizado”.
Créditos: NDMais
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