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Ex-sargento da BM que matou Militante do MST no RS é encontrado morto
O ex-sargento da Brigada Militar Alexandre Curto dos Santos, condenado pela morte do sem-terra Elton Brum da Silva em 2009, em São Gabriel, foi encontrado morto em sua cela, no Batalhão de Polícia de Guarda (BPG), em Porto Alegre, na manhã deste sábado.
Nos sites da Secretaria Estadual de Segurança Pública (SSP) e da Brigada Militar ainda não há nenhuma informação. Os sites Caderno7, de São Gabriel, e Folha do Sul (Bagé) noticiaram a morte do ex-brigadiano, mas também não trazem detalhes. A Brigada Militar deverá apurar as circunstâncias do fato.
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Morte de sem-terra ocorreu em 2009
Em 21 de agosto de 2009, o então sargento Curto dos Santos matou o sem-terra Elton Brum da Silva, de 44 anos, durante reintegração de posse da Fazenda Southal, um latifúndio de cerca de 10 mil hectares localizado em São Gabriel, na Fronteira Oeste.
A Brigada Militar cumpria ordem de reintegração de posse para retirar cerca de 500 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que haviam invadido a propriedade pertencente ao fazendeiro Alfredo Southal.
Brum, que tinha 44 anos e deixou esposa e uma filha menor de idade, morreu em consequência de um tiro de arma calibre 12 disparado pelas costas. Na ação, vários sem-terra ficaram feridos.
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Brigadiano alegou ter trocado arma por engano
Em sua defesa, o ex-sargento alegou que usava arma antimotim (sem munição letal). No entanto, acabou pegando a arma errada de um colega. Curto dos Santos negou que tivesse a intenção de matar o militante do MST. No entanto, em 2017, o júri popular condenou o ex-brigadiano a 12 anos de prisão pelo assassinato do sem-terra.
O ex-PM, que integrava o 6º Regimento de Polícia Montada de Bagé, foi preso somente no ano passado. Ele chegou a ser preso e depois liberado enquanto respondia o processo.
Na sentença que condenou Curto dos Santos, o juiz Orlando Faccini Neto (o mesmo que viria a condenar os réus da boate Kiss no ano passado), decretou a perda imediata da função na Brigada Militar e a prisão do sargento.
Disputa por fazenda ganhou repercussão nacional
A invasão da Fazenda Southal, definida como ocupação de área improdutiva pelo MST, ganhou repercussão nacional na época. Fazendeiros da região e de outras partes do Rio Grande do Sul chegaram a bloquear a passagem de uma marcha do MST rumo a São Gabriel na ponte do Passo do Verde, entre Santa Maria e São Sepé. E, por muito pouco, não houve um confronto entre os dois lados.
Posteriormente, o governo federal desapropriou a fazenda e indenizou Southal. Atualmente, a parte ocupada por sem-terra tem a denominação de Assentamento Conquista do Caiboaté.
Ex-PM é herói para ruralistas
Em outubro de 2017, após ser beneficiado com um habeas corpus, o ex-policial militar foi recebido com festa e carreata em Bagé, eventos organizados por ruralistas e ex-colegas de Brigada Militar.
De acordo com reportagem do jornal Folha do Sul, à época, mais de 200 pessoas e aproximadamente 120 veículos aguardavam o Curto. Já o jornal Extra Classe, uma publicação do Sindicato dos Professores Privados do Rio Grande do Sul (Sinpro/RS), noticiou a recepção a partir da visão do MST.
Conforme reportagem do Extra Classe, também à época, “a recepção a Curto foi emblemática”. O jornal descreveu que colegas de farda, familiares, ruralistas e apoiadores carregaram Curto em carreata até a Sociedade Rural de Bagé, com escolta de três viaturas da Brigada Militar, duas motos e um carro da Polícia Civil. No local, Curto recebeu homenagens com discursos e soltura de fogos de artifício.
Militante é herói para os sem-terra
Já o MST, por sua vez, considera que o militante assassinado é o verdadeiro herói dessa história. Em 2 de setembro de 2019, ano que marcou os 10 anos da morte de Brum, o MST publicou reportagem em seu site destacando a trajetória do sem-terra nascido em Canguçu, município da região Sul do Estado.
“A luta de Elton Brum da Silva por uma vida digna à sua família ficou na memória de homens e mulheres que conviveram com ele em acampamentos do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) no RS”, diz o texto, que destaca o militante como “negro, semialfabetizado e pobre, que ingressou na luta pela terra com a esperança de que a sua realidade se transformasse”.
Reportagem: Brasil Paralelo
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