Política
Vereador diz que mulheres “chinelonas” são vítimas de violência
Em meio à luta contra a violência doméstica, em sessão plenária da Câmara de Vereadores de Nova Petrópolis, o vereador Cláudio Antônio Gottschalk (PDT) classificou um projeto informativo como desnecessário. Além disso, falou na tribuna que somente as mulheres “chinelonas” são vítimas da violência.
“Acho que uma mulher que presta não tem problema. Olha, aqui no município de Nova Petrópolis, não temos problemas. Acho que aqui fica feio colocar isso de telefone por aí”, disse Gottschalk. A vereadora autora da proposta, Kátia Zummach, perguntou ao colega o que seria “uma mulher que presta”.
A manifestação foi gravada ao vivo, durante a sessão ordinária de ontem, e está disponível no canal do Youtube da Câmara de Vereadores. A vereadora Kátia diz que se surpreendeu com a manifestação machista e misógina do colega de Parlamento.
A proposta prevê que sejam colocados cartazes informativos do disque denúncia 180 em locais públicos do município. Na sessão de ontem, o tema foi debatido pois ela convidou autoridades policiais e da Saúde para obter dados sobre a violência doméstica na cidade. “Ele menosprezou e disse que são poucos os casos. Disse que isso só acontece com mulheres ‘que não prestam’. A gente sabe que existem inúmeros casos de mulheres que têm medo de denunciar ou não sabem como fazer”, disse.
A proposta foi protocolada na semana passada e tem apoio da maioria dos vereadores. Kátia informou que está analisando se vai ingressar com representação na Comissão de Ética da Casa contra Gottschalk.
Através da assessoria de imprensa da Câmara, a presidência classificou a manifestação como desrespeitosa e infeliz.
Somente em janeiro deste ano, 3.503 mulheres foram ameaçadas, 2.049 foram agredidas e 130 foram estupradas no Rio Grande do Sul. Além disso, quatro mulheres foram mortas por serem mulheres e houve 47 casos de feminicídio tentados. Os dados são do Observatório Estadual de Segurança Pública da Secretaria de Segurança.
(Com informações de Samantha Klein da Rádio Guaíba)
Assista o vídeo, a manifestação polêmica do vereador inicia às 3:40:44 :
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Dinarte Machado
10/03/2019 at 16:19
Vossa senhoria Cláudio Antônio Gottschalk
Venho aqui salientar a minha indignação diante sua infeliz colocação quanto ao projeto de sua colega Kátia Zummach .
Como alguém que ocupa um cargo eletivo, primeiramente antes de expor sua opinião, deveria ao menos informar-se melhor sobre o que vai mencionar, pois ao fazê-lo não esta apenas manifestando sua fala, mas sim de todos aqueles que o elegeram.
A violência doméstica contra mulheres, para sua informação, é muito maior do que V.Sª imagina (se é que imagina) e não somente a elas, mas também a crianças, LGBTS e Negros.
Quanto ao seu “muito pouquinho”, tenho certeza que ao legitimar isso não se encontra ali incluído, alguma mulher de sua familia, conhecida ou até mesmo uma eleitora sua, pois se assim o fosse, não faria essa declaração absurda! “muito pouquinho”, senhor vereador! repita isso a quem foi violentada e vilipendiada em seus direitos mais naturais!
Não ficou muito claro para mim (e acredito que para muitos) o significado de “mulher que se presta” e “mulher decente” e a diferenciação entre elas e as “chinelonas” em que V.Sª reverbera em sua colocação ou devemos entender com isso, que só as que, diante sua parca interpretação de “decência” e “valor” merecem ser respeitadas?
“Feio” Senhor Vereador, é a corrupção, a violência e o mal uso dos serviços e cargos públicos e não campanhas que combatam tudo isso.
Não use como escusas “ser bruto” ou “criado no meio do mato” para tais despautérios, pois não está no meio do mato e sim em sociedade se valendo de um cargo público e representando uma classe.
Afirmou “ando muito nesse mundo”, me permita perguntar: mas qual o mundo que anda? pois nesse em que os índices de violência tomam elevadas proporções e no mundo em que anda seus eleitores não deve ser, pois do contrário não pronunciaria tamanho desconhecimento, preconceito e machismo em sua forma mais descabida.
“Andar” senhor vereador, não necessariamente significa “observar” ou “se ater” e falo não aqui somente pelas mulheres, mas sim por todos aqueles que sofrem ou já sofreram a violência e o preconceito na pele, coisa que acredito que em sua “normatividade” nunca deve ter a sentido na pele.
Portanto, de agora em diante, em suas manifestações, sugiro que agregue mais informações antes de proferir seu discurso, pois na posição em que ocupa, não fala somente por si, mas fala por aqueles que acreditam e votaram em V.Sª e que com certeza, dentre eles deva existir alguém que passou ou passa por este tipo de problema.
Agradeço sua prestimosa atenção!