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Polícia

Menino de 9 anos é morto por tiro em operação da PM contra aglomeração

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Uma operação de combate a aglomerações acabou com um menino de 9 anos morto no Vale das Pedrinhas, em Salvador (BA), na noite de sexta-feira (26/3). A versão da família é de que policiais entraram na rua atirando, enquanto a PM defende que trocou tiros com suspeitos e, depois, identificou o garoto caído.

Protesto contra ação da polícia que matou o menino Ryan
Imagem: Reprodução

Familiares de Ryan Adrew contam que o garoto brincava com outras crianças quando policiais entraram na viela em que ele morava, a Teodoro Sampaio. Afirmam que um dos disparos efetuado pelos PMs o atingiu no peito.

Segundo a Polícia Militar, a equipe que havia recebido uma denúncia foi recebida a tiros por suspeitos e revidou. Em nota, a PM informou que verificava uma denúncia de aglomeração na rua do Gás, por volta das 22h de ontem, e que, ao chegar ao local, criminosos atiraram contra a guarnição.

Ainda de acordo com a corporação, quando terminou o tiroteio, os militares avistaram a criança no chão e levaram no Hospital Geral do Estado. O menino foi atingido no braço, mas a bala perfurou o tórax e acertou os pulmões. o que provocou a morte.

O caso, acrescentou o comunicado, será apurado pela Corregedoria Geral da Polícia Militar.

Família e vizinhos contra versão oficial.

A empregada doméstica Jucimara Santos Nascimento, 39 anos, tia de Ryan, afirma que havia outras quatro crianças jogando bola com o garoto na rua, além de adultos. “Os policiais já entraram no beco atirando. A rua é cheia de lâmpada de LED, nós vimos, não teve troca de tiro. Rua não tem tráfico, só tem mãe e pai de família”, afirma a mulher.

Jucimara diz que os PMs levaram o garoto para o hospital de qualquer jeito. “Pegaram pelo pé, jogaram no fundo da mala do carro e foi levado como um vagabundo para o hospital”, relata.

“Quem nos garante que não foi na viatura, dando pancada, que contribuiu para matá-lo mais rápido?”

Moradores do local disseram que os policiais já chegaram atirando. “Ele sempre fica por ali brincando. A gente só ouviu os tiros. Muitos tiros. De repente, escutamos alguém gritando que o menino foi baleado”, disse um morador, que não quis se identificar.

Segundo o homem, não deu tempo de saber o que estava acontecendo. “A PM chegou metendo bala para tudo quanto é lado. Disseram que era uma perseguição, mas eu só vi PMs”, continuou o vizinho de Ryan.

Hoje, por volta das 12h, moradores da região realizaram um protesto em repúdio à ação que resultou na morte do garoto. A manifestação seguiu pelas ruas do bairro. O pai do garoto, irmão de Jucimara, está “dopado”, enquanto a mãe teve de identificar o corpo do filho no IML (Instituto Médico Legal). Além dele, o casal, que é separado, tem outro filho, de 5 anos.

Ryan estudava no 2º ano do ensino básico. Torcedor do Bahia, seu sonho era virar jogador de futebol. “Jogava bola todos os dias, toda a hora”, diz a tia.

Para Bruno Moura, defensor público da Bahia com atuação na área da infância e juventude, a morte de Adrian Ryan mostra a “letalidade policial nos bairros periféricos”.

“Parece urgente que rediscutamos todo o modelo de segurança pública implementado pelo Estado, ao invés de paz social, tem ampliado a violência”, critica o defensor.

O especialista considera haver no cotidiano das favelas uma violência direcionada para a juventude. “Não pode ser aceitável mais qualquer ‘nota desculpa’ que justifique e naturalize mortes como a de Ryan. Responsabilidades precisam ser assumidas, a sociedade precisa se indignar para que assim possamos construir um futuro possível”.

 

Créditos: UOL

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