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Polícia

Crime bárbaro no interior de Vista Alegre do Prata

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Um crime impressionante e de muita frieza vem sendo acompanhado pela Polícia Civil (PC) de Nova Prata. Por volta das 11h da terça-feira, 02, policiais civis receberam a informação sobre o encontro de um cadáver na Linha Conde de Porto Alegre, interior do município, situada cerca de oito quilômetros do centro.

No local, já se encontrava a Brigada Militar (BM). A residência muito humilde era utilizada por caseiros para a realização de trabalhos do campo. Os policiais constataram que o corpo da mulher morta estava sobre a cama e segundo informações do seu companheiro, ela havia ingerido muita bebida alcoólica juntamente com uma cartela de remédios, passando mal e isto teria a levado a óbito. A casa se encontrava limpa e organizada.

O corpo foi encaminhado para o Instituto Médico Legal (IML), de Bento Gonçalves. Na mesma noite, a delegada Liliane Pasternak Kramm recebeu uma ligação do IML, informando que a perícia verificara que a vítima havia sido fortemente agredida

antes do óbito e que estava morta há mais de 24 horas.
No dia seguinte, na quarta-feira, 03, o companheiro da vítima foi chamado para depor, quando apresentou a segunda versão da história. O indivíduo, de 50 anos, e a vítima, de 39, moravam em Guaporé. Ele trabalhava como caseiro e passava cerca de 15 dias seguidos no interior. De acordo com o companheiro, ambos bebiam muito, ela não trabalhava e o acompanhava nestes locais.

No sábado, 30 de janeiro, eles pediram para um freteiro os conduzir até o interior de Vista Alegre do Prata, onde ele ficaria trabalhando. Levaram consigo quatro litros de cachaça, sendo que dois foram consumidos neste mesmo dia, um no domingo e o último na segunda-feira, 01.

Naquela manhã, ele não teria ido trabalhar e ambos beberam tudo. Ao finalizar, ela teria feito uma mistura com o álcool de cozinha. Como começou a passar mal, pediu para o seu companheiro lhe dar remédio, ingerindo uma cartela de medicamento. Ele solicitou para ela fazer o almoço e esta teria se negado. Neste momento, ela é empurrada e bate a cabeça na parede ao cair. Deitada no chão, ele continuou com as agressões, a chutando, dando socos, inclusive batendo com um pau na sua cabeça. Ele pegou uma faca, atingindo a vítima no braço para que esta não se esquivasse dos golpes. Aos poucos foi percebendo que ela não apresentava mais reação. Tentou escutar o seu coração, sem sucesso, quando notou o óbito.

Então tirou a sua roupa que estava suja de sangue, lavou a vítima, a vestiu, colocou-a sobre a cama, retirando as marcas de sangue do chão e da faca utilizada. A roupa dela foi jogada nos fundos da residência, no matagal. Conforme o relato do indivíduo, este passou o dia em casa, sem avisar ninguém sobre o ocorrido. De noite, dormiu na mesma cama, ao lado do cadáver. Na manhã seguinte, ligou para o freteiro que o levou até aquela casa, informando de maneira desesperada que a sua esposa estava morta.

Quando este chegou ao local, verificando a situação disse que era preciso informar a BM. Após isso, a Brigada compareceu no endereço e depois a PC passou a acompanhar a ocorrência.
De acordo com informações da Polícia Civil, havia um histórico de agressões entre o casal, que estava junto há oito anos, inclusive com prisão por Maria da Penha. Conforme relatado pelo indivíduo, as brigas eram frequentes entre ambos.

Foram registradas várias fotografias da cena do crime, incluindo as roupas sujas de sangue da vítima e de posse do depoimento do indivíduo foi solicitada a prisão preventiva do acusado, que foi negada pela Justiça, argumentando que “o contexto do crime não permite a conclusão de que há risco para a ordem pública, já que o casal de dependentes químicos estava embriagado, em local ermo e possuía histórico de brigas que resultavam em agressões do representado contra a vítima” e que ele “compareceu à Delegacia quando solicitado e, embora tenha alterado a verdade dos fatos, em um primeiro momento, confessou o crime, possui domicílio certo e desempenha atividade laboral”.
– Este é o primeiro caso de feminicídio consumado e a sua investigação está praticamente concluída, faltando apenas alguns depoimentos e o resultado das perícias. É um caso de reincidência de violência, quando a pessoa vai se acostumando com aquela situação.

O homem tinha sido preso em 2015 e ela voltou com ele. O ocorrido é brutal, mas é em decorrência de comportamentos que vinham se repetindo. É muito sério, pois a pessoa vai consentindo com as situações – finaliza a delegada.

Fonte Jornal Correio Livre
Texto: Renata Grzegorek / jornal Correio Livre

Fotos: Polícia Civil e Andréia de Barros / jornal Correio Livre

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